Por que o discurso de Trump assusta os ambientalistas?


Na sexta-feira (20), tomou posse o novo presidente dos Estados Unidos, Donand Trump. Como habitual nesse tipo de solenidade, o presidente eleito costuma fazer um discurso inaugural. O de Trump deixou muita gente preocupada, entre elas, os ambientalistas.

Dentre os anúncios feitos por Trump em seu primeiro discurso para a nação e para o mundo, estão a saída dos EUA do acordo de livre comércio Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) já em seu primeiro dia de governo e a investigação de “todos os abusos dos programas de vistos”, que vêm afetando o trabalhador estadunidense, segundo ele.

Outros pontos do discurso muito esperados e temidos eram o anúncio do fim do programa Obamacare, que é uma lei federal que obriga a todo cidadão dos Estados Unidos ter um seguro-saúde com alguns critérios mínimos, e da construção de um muro na fronteira com o México – medidas que o republicado havia declarado tomar durante a campanha.

E o meio ambiente?

Desde a sua campanha, os ambientalistas temiam uma gestão de Donald Trump. Em seu discurso, o atual presidente dos EUA disse que acabará com as restrições à produção de energia suja (queima de combustíveis não renováveis, como o carvão) em favorecimento da criação de empregos.

A entrevistou o jornalista e coordenador do Observatório do Clima, Cláudio Angelo, que fez um diagnóstico do discurso de posse de Trump. Segundo ele: “A primeira coisa que ele anunciou como presidente, na cerimônia de posse em Washington, foi que ele iria eliminar o plano de ação climática, eliminar a lei de proteção das águas, reviver a indústria do carvão e estimular a perfuração de petróleo e gás natural”.

Angelo destaca que os ambientalistas não esperavam o anúncio de uma agenda comprometida com os desafios ambientais do século XXI, mas que era, sim, esperada alguma mudança do presidente Trump em relação ao candidato Trump, já que, ao assumir o poder, é preciso contemplar diferentes segmentos.

Enquanto Trump discursava, o site da Casa Branca já estava sendo modificado em relação ao meio ambiente (e outros temas), fortalecendo o nacionalismo e medidas protecionistas.

Angelo pondera que ainda não se sabe o quanto disso tudo vai se transformar em ações. A matriz energética dos Estados Unidos é o gás natural, e não o carvão, porque o primeiro é, financeiramente, mais competitivo.

Abandono do Acordo de Paris

Trump também nomeou como secretário de meio ambiente uma pessoa sem credibilidade entre os ambientalistas, Scott Pruitt, quem, quando advogado, fez carreira processando a agência ambiental dos EUA, órgão que, agora, ele vai chefiar. Pruitt nega o aquecimento global e coloca em preocupação o cumprimento das metas do Acordo de Paris por parte dos EUA. Com o discurso de Trump e com a nomeação de Pruitt, o esperado é que o país pare as ações pró-ativas de combate ao aquecimento global.

Isso pode levar a uma reação em cadeia, já que outros países podem, também, descumprir as metas do Acordo de Paris, embora, atualmente, dificilmente as políticas de implementação de energia limpa sejam abandonadas, pois se tornaram um “caminho sem volta”.

O mundo agora deveria estar unido para acelerar as metas do Acordo de Paris, ainda mais depois do anúncio de que, desde que começaram a ser feitas as medições de temperatura.

Pode ser que o primeiro discurso de Trump tenha sido feito no ritmo da campanha, querendo impressionar o seu povo e o mundo. Resta-nos esperar que isso seja verdade e que ele não implemente as agendas contra o meio ambiente.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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