Mais crise hídrica vem por aí


A semana começou com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, finalmente reconhecendo que pode haver, sim, uma crise hídrica no estado. Reconhecimento atrasado, pois o presidente honorário do Instituto Internacional de Ecologia (IEE), José Galizia Tundisi, não apenas já sabia da crise, como avaliou ela ainda deve piorar. Para começar, é importante esclarecer que a “crise hídrica” é causada tanto pela seca, pela falta de água que atinge o Sudeste e outras regiões do Brasil, como também por fenômenos de intensa chuva, resultando em inundações como a que acontece agora na região Sul.

O mundo inteiro passa pelos dois extremos atualmente e a crise deve durar por muito tempo ainda. Ao menos é o que o Tundisi afirmou na conferência sobre gestão de recursos hídricos, realizada em 16 de julho, durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

“Em 2014, por exemplo, foi registrada a pior seca no Nordeste e a maior enchente em Foz do Iguaçu, no Paraná. E, nesta semana, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm sido afetados por um volume de chuva excepcional, que tem causado enchentes e, consequentemente, a perda de propriedades e ameaçado a população”, apontou.

Várias são as razões para a piora do problema segundo o pesquisador. Entre elas o aumento da população em áreas urbanas, que exigem grandes quantidades de água, além da produção em massa de resíduos sólidos e líquidos e a competição (excelente forma de enxergar a realidade urbana) pelo uso dos recursos naturais disponíveis.

Essa competição ocorre porque a água é utilizada em diversas atividades humanas. A confecção de uma calça jeans, por exemplo, consume milhares de litros de água potável. Sem contar as outras atividades que correspondem a mais de 70% do consumo de água.

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Outro aspecto abordado pelo especialista é na utilização da terra atualmente. Como o desmatamento desenfreado em várias regiões do globo, a conversão de florestas em áreas para a pecuária e a plantação, resultando diretamente na evapotranspiração (a transpiração da vegetação que mantém a água na atmosfera). Tudo isso resulta na degradação da água e nas crises hídricas, com escassez em alguns pontos do mundo e grandes precipitações fora de época em outros.

“As populações da periferia de cidades como São Paulo, Recife, Salvador, Fortaleza, Nairóbi, Calcutá, Nova Délhi e Bangcoc possuem uma grande vulnerabilidade aos extremos hidrológicos e falta de acessibilidade à agua”, afirmou Tundisi.

Que também critica a situação pelo ponto de vista econômico: “Ainda há cerca de 768 milhões de pessoas sem acesso a fontes adequadas de água e 2,5 bilhões de habitantes no planeta sem acesso a saneamento básico adequado. Isso representa um grande fracasso da economia mundial”, finaliza o presidente do IEE.

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Redação greenMe

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