E se houvesse restrições à publicidade de alimentos industrializados?


Assim como aconteceu com o cigarro e o alcool, regulamentar a publicidade de alimentos industrializados poderia ajudar a diminuir a incidência de doenças graves como hipertensão, diabetes e obesidade. É o que avaliaram especialistas reunidos na semana passada durante a Conferência Mundial de Promoção da Saúde em Curitiba.

Crocantes, gostosos, fáceis de fazer e até saudáveis… propagam-se na Tv, na internet e nas revistas, pizzas, lasanhas, sopas, risotos e tantos outros alimentos prontos ou semi prontos, feitos com ingredientes ou através de procedimentos nada saudáveis, necessários para a sua conservação, aparência, etc.

E se existissem normas que obrigassem os fabricantes a escreverem nos rótulos: “este alimento teve sua composição alterada para torná-lo crocante e saboroso, podendo ser prejudicial à saúde”, você ainda assim compraria tal produto?

O rótulo “sincero” de um produto industrializado deveria ser exatamente assim: “este produto é uma delícia mas faz mal à saúde. Ou “este produto economiza seu tempo mas é uma porcaria”.

Existem nos supermercados coisas gostosas, ou que pelo menos muita gente gosta, como os nuggets crocantes, que são muito insalubres, contêm gorduras alteradas que fazem muito mal, sal e açúcar em excesso, conservantes e aromatizantes artificiais que bem não fazem e por aí vai. Sem contar que a publicidade engana muito. Colocam uma mulher linda, atlética ou magra e bronzeada na foto do cereal matinal. Colocam as princesas da Disney nos produtos infantis. Os rótulos além de não serem sinceros são enganosos e muito mal intencionados.

Claro que a indústria de alimentos quer vender e como alguém pode se vender falando mal (ou a verdade) sobre si mesmo?

É por isso que uma regulação, como ocorreu com o cigarro e o alcool, seria necessária e poderia evitar tantas doenças. Como as indústrias alimentícias têm muito poder, um marco internacional seria um instrumento para agregar forças, principalmente na América do Sul pois, os países mais desenvolvidos já estão um passo à frente seja na regulação seja na própria consciência do consumidor.

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Ana Paula Bortolettto, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e integrante da Coalizão Latino-Americana Saudável, disse à Agência Brasil que espera-se por um acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e organizações da sociedade, para se chegar a um acordo internacional dentro da América Latina que consiga restringir e colocar limites às publicidades e propagandas de produtos alimentícios.

Lembramos que os governos gastam altas somas com problemas de saúde que poderiam ser evitados se as pessoas fossem educadas e tivessem conhecimento sobre o que levam para suas mesas. Deu certo com o cinto de segurança, também deu certo com o cigarro (além de o número de fumante ter diminuído, hoje em dia fumar não é mais bonito e elegante como já foi publicizado um dia, hoje todo mundo sabe que cigarro, assim como o alcool, faz mal à saúde).

A iniciativa seria mesmo ótima.

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Fonte: Isabela Vieira- Agência Brasil




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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