Consumo consciente de peixe é possível? Como? Quais peixes comer?


O consumo desenfreado tira a capacidade crítica das pessoas. Foi assim que o mundo chegou a um grau de dano ao meio ambiente que está cada vez mais difícil de reverter. Por isso, é importante que as pessoas se preocupem com o que compram.

Uma das categorias que deve entrar nessa lista é a de peixes. Existem, atualmente, métodos de pesca extremamente agressivos e outros que respeitam as condições ambientais e a vida marinha. Existem aqueles que se importam com os níveis de toxina existentes nos peixes, outros, não. Por isso a WWF Brasil lançou, recentemente, o Guia de Consumo Responsável de Pescado, como forma de auxiliar o consumidor em uma escolha consciente do que põe no prato.

Um estudo

Esse é primeiro estudo desse tipo, lançado no Brasil, principalmente pela falta de gestão pesqueira em território brasileiro.

Essa análise levou 3 anos e verificou 38 peixes de consumo comercial. Os peixes foram categorizados em cores:

  • vermelho, nos casos de pescaria não sustentável,
  • amarelo, quando apresentam algum risco à sustentabilidade,
  • e verde, quando respeitam o meio ambiente.

Quais peixes comer e quais não

Do total avaliado, 58% foram classificados na categoria vermelha, ou seja, não devem ser consumidos.

Entram nessa lista o camarão-rosa e o tubarão-azul (ou cação).

“O Brasil é um dos grandes países que consome carne de tubarão no mundo”, alertou a gerente do Programa Marinho da WWF-Brasil, Anna Carolina Lobo.

Segundo ela, muitos compram carne de tubarão sem saber, acreditando tratar-se de cação e isso ocorre, principalmente, pela falta de informação ao consumidor e de certificação dos produtos.

Já na categoria amarela entraram 21% do total (ou 8 espécies). A tilápia e o bonito listrado entram nessa lista. O Guia aconselha consumo com moderação desses peixes.

Já na categoria verde ficaram 21% das espécies, que podem ser consideradas seguras, como alguns tipos de molusco. Mas vale lembrar que na categoria verde não tem nenhum peixe produzido no Brasil. 

Espécies em risco de extinção

Muitas espécies correm risco de extinção, principalmente aquelas que têm maior valor comercial, como o camarão e a lagosta.

“A redução do volume de pescados dos último anos é um sinal crucial de que estamos consumindo muito além do que a natureza consegue repor. Algumas espécies marinhas estão beirando a extinção por conta da pesca industrial predatória”, comenta a coordenadora do Programa Marinho do WWF-Brasil, Anna Carolina Lobo. “

Já existem alguns programas da WWF-Brasil para promover uma melhor gestão pesqueira no Brasil, como no caso do litoral norte de São Paulo, com a adoção de métodos de pesca mais sustentáveis.

O outro lado da moeda

Pesca sustentável não existe! Assim denuncia o filme Seaspiracy. Este documentário que fez e ainda está fazendo o maior sucesso, investigou como funciona a indústria pesqueira global, deixando uma mensagem clara e forte: não existe pesca sustentável, nem tampouco fiscalização que pudesse endossar essa ideia.

A denúncia do Seaspiracy é a de que a pesca é apenas mais uma das ações humanas que está causando destruição ambiental e sofrimento animal.

Além disso, como nós vimos aqui, a sushi mania está acabando com os ecossistemas marinhos. Isso porque, como afirma um relatório elaborado pela Just Economics chamado Dead Loss, as criações de salmões estão acabando com os ecossistemas marinhos, causando poluição, atraindo parasitas e causando a morte prematura de vários peixes.

O consumo de peixe, que vem aumentando porque parece ser uma alternativa mais saudável, precisa ser repensado. Tanta volúpia por peixe, faz necessário informar as pessoas sobre o consumo consciente deste alimento.

Acontece que 10 espécies de peixes são responsáveis por 24% da pesca mundial, ou seja, a escolha por algumas espécies (como o salmão, o atum, o peixe-espadas por exemplo) acaba causando desequilíbrios.

Um outro grande problema é que pescar, mesmo que peixes da lista verde – aqueles que possuem oferta maior e não correm riscos maiores de desaparecer do meio ambiente – geram morte indevida no oceano: mais de 7 milhões de toneladas de vida marinha são descartadas anualmente no mundo; 308 mil golfinhos e baleias morrem devido à captura incidental em redes de pesca. Uma tragédia imensa. Reduzir a morte e o desperdício é fundamental para uma pesca sustentável!‏

E por fim, vamos lembrar: redes de pesca são um dos lixos plásticos que mais poluem as águas.

Existe consumo sustentável de peixe?

Por tudo que falamos, talvez a única pesca sustentável que poderia existir é a pesca artesanal. Uma atividade pequena feita, por pessoas de fato preocupadas com o meio ambiente, com o mar, com o rio, com as águas, porque vivem disso e sabem da importância de preservar.

Além dos pescadores, os estabelecimentos comerciais e consumidores precisam ser conscientizados sobre a importância de incentivar uma pesca mais respeitosa com o meio ambiente. Todos só têm a ganhar.

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Fonte foto: freeimages.com




Redação greenMe

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