Mudança de hábito: 30 milhões de brasileiros se declaram vegetarianos


Uma pesquisa do Ibope Inteligência, de 2018, revela que cerca de 14% dos brasileiros são vegetarianos, o que representa 30 milhões de pessoas.

O estudo, cujo objetivo foi entender as percepções da população sobre o vegetarianismo, foi feito com 2002 entrevistados em 142 municípios do país, incluindo capitais e cidades do interior. Os estados onde mais se pratica o vegetarianismo e o veganismo são, respectivamente, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Vegetarianos e veganos

Os dados revelam que houve um aumento de 75% de vegetarianos no Brasil em comparação com o último levantamento, feito em 2012. Ainda foi identificado que 55% têm interesse em produtos zero ingrediente animal e 60% consumiria mais esse tipo de produto (vegano) caso ele tivesse um valor semelhante àqueles “convencionais”.

De acordo com o coordenador da Sociedade Vegetariana Brasileira em Juiz de Fora (SVB- JF), Ewerton Braga, esse crescimento só foi devido porque:

“Temos alcançado um esclarecimento maior, porque os debates, antes, ficavam focados exclusivamente na alimentação. Mas o veganismo vai muito além disso. Hoje vemos um maior número de eventos e palestras que abordam os direitos dos animais, abrindo o assunto para um âmbito maior”.

A opção por não usar produtos de origem animal faz parte de uma prática complexa que envolve muitos fatores, como: saúde, segurança alimentar, ética animal, preservação ambiental e uma maior conexão com o meio ambiente.

A nutricionista e chef de cozinha Luiza Magella esclareceu ao jornal Tribuna de Minas que existem vários estudos que comprovam os benefícios de uma dieta vegetariana ou vegana.

“A alimentação vegana tem bases científicas que trazem vários benefícios e pode prevenir e ajudar no tratamento de diversas doenças. Os maiores guidelines do mundo, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), também mostram que qualquer pessoa pode adotar uma dieta vegetariana ou vegana, em qualquer etapa da vida, seja gestante, lactante, idoso, adolescente, desde que a alimentação seja balanceada nutricionalmente”.

Entretanto, ela pontua sobre a necessidade de se fazer a transição para as dietas vegetariana ou vegana de forma orientada, a fim de que sejam realizadas as substituições corretas dos componentes nutricionais.

“Muitas pessoas também têm a visão equivocada de que ser vegano é ser 100% saudável, mas a indústria está trabalhando forte nesse mercado. Então, é preciso ter cuidado. Não adianta parar de comer carne e só ingerir junk food (comida rica em calorias e com baixa qualidade nutritiva). Geralmente, vegetarianos e veganos costumam ter uma consciência maior, mas não é regra”, destaca a nutricionista.

Demanda afeta o mercado

Os 30 milhões de brasileiros vegetarianos têm impactado o mercado alimentício no país. Uma pesquisa feita pelo Ibope junto com a Kantar Wordpanel revela que 240 restaurantes brasileiros são veganos ou vegetarianos.

Isso é um reflexo da maior demanda do público que não come nada que provenha de um animal por menus vegetarianos e veganos, os quais podem ser encontrados em vários restaurantes e, até mesmo, em cadeiras de fast food, informa o R7.

Estilo de vida

A pesquisa se concentrou na percepção da população brasileira sobre o vegetarianismo, que é diferente do veganismo. Este é um movimento ético e político sobre o direito dos animais. A prática vegana abrange um consumo livre de alimentos de origem animal e, também, de quaisquer produtos (como roupas, calçados, itens de higiene pessoal etc.) que tenham sido testados em animais. Além disso, veganos boicotam circos, zoológicos e qualquer atividade ligada à exploração animal.

O site The Vegan Society explica que o veganismo é uma forma de vida que busca excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade contra os animais. Por isso, não existe somente uma dieta vegana, pois o veganismo é mais do que a alimentação; é um estilo de vida mais consciente de certos hábitos culturais que têm a exploração animal como fonte de recurso.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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