Pesquisadores brasileiros buscam soluções para a cura da leishmaniose


Uma parceria do Instituto de Física (IF) da USP e o Instituto Adolfo Lutz investiga novas propriedades em medicamentos já existentes no mercado que permitam seu uso em um novo tratamento para a leishmaniose visceral. Esta forma de leishmaniose, visceral, também é conhecida como calazar e é endêmica em 47 países onde, aproximadamente 200 milhões de pessoas correm o risco de serem infectadas.

Segundo a Associação Médicos sem Fronteiras ocorrem entre 200 e 400 mil novos casos a cada ano, sendo que cerca de 90% destes acontecem na Índia, em Bangladesh, no Nepal, no Sudão e no Brasil. A outra forma de leishmaniose é a cutânea. O Brasil registra, por ano, quatro mil casos de leishmaniose visceral e 22 mil casos de leishmaniose cutânea. A leishmaniose é uma doença registrada em 98 países.

A doença é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como negligenciada da mesma forma que outras várias doenças tropicais: malária, dengue, doença de Chagas, esquistossomose, tuberculose, hanseníase, entre outras.  Doenças negligenciadas são aquelas que não despertam o interesse da indústria farmacêutica ou do setor privado, portanto estes não aplicam seu potencial para o desenvolvimento de vacinas e novos medicamentos. São doenças que interessam aos serviços de Saúde Pública, são casos graves de saúde pública para os países em desenvolvimento mas, não são considerados “mercados promissores” pois, são doenças de pobre.

Esta nova pesquisa brasileira promete resultados interessantes. Os pesquisadores usam uma prática conhecida como reposicionamento de fármacos, ou seja, usar um medicamento já existente para um tratamento distinto para o qual ele foi criado. Segundo o professor Leandro Barbosa, do IF, os dois institutos estão trabalhando juntos há mais ou menos um ano, testando drogas que já foram aprovadas para outros fins para ver se serviriam também para tratar a leishmaniose. Atualmente, a pesqusia faz testes com a nitazoxanida, medicamento usado no tratamento de parasitas intestinais e rotavírus. A técnica, do reposicionamento de fármacos, depende da análise físico-química das nanoformulações em que os fármacos testados são transformados e é nesta fase que entra o Instituto de Física. Atualmente, a nitazoxanida está em fase de avaliação em modelos pré-clínicos com animais de experimentação, mas os testes com o fármaco vão prosseguir por, pelo menos, três anos.

Formas da leishmaniose

Há duas formas da leishmaniose: a tegumentar (ou cutânea) e a visceral.

A tegumentar provoca úlceras na pele e nas mucosas das vias aéreas. Já a leishmaniose visceral ataca os órgãos internos e é fatal em 100% dos casos não são tratados.

Ambas são transmitidas pelo mosquito-palha (Lutzomyia spp.) que, ao picar, introduz o protozoário Leishmania na circulação do hospedeiro. Em ambiente urbano, o hospedeiro mais comum é o cachorro e, por este motivo, essa doença, que antes era considerada quase que exclusivamente rural agora está ocupando espaço significativo nas áreas mais urbanizadas do estado de São Paulo. Nos cachorros a leishmaniose pode ser controlada mas seu tratamento é caro e permanente e, normalmente, negligenciado pelos donos que também evitam o sacrifício do animal, solução muito radical.

Segundo os serviços de saúde pública brasileiros informam em seu site oficial,  “A leishmaniose visceral que era, primariamente, uma zoonose caracterizada como doença de caráter eminentemente rural, hoje, vem se expandindo para áreas urbanas de médio e grande porte e se tornou crescente problema de saúde pública no país e em outras áreas do continente americano, sendo uma endemia em franca expansão geográfica”.

Esta é uma doença sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, dentre outras manifestações, cuja ocorrência é de comunicação compulsória ao serviço oficial de saúde.

Fonte foto: wikipedia.org




Redação greenMe

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