Aulas de luta desmitificam conceito de masculinidade e ajudam a reduzir violência


O machismo não afeta apenas as mulheres. Homens, quando meninos, são incitados a serem machistas com práticas que nascem da verbalização de estereótipos como: “homem que é homem não chora”, “menino não usa cor de rosa”, “menino não brinca de boneca”… e a lista não para por aí.

O esporte pode ser um poderoso aliado na luta contra o machismo, pois, além de fazer bem para o corpo, faz bem para a mente e para a sociabilidade. Um exemplo bom disso vem ocorrendo em Detroit, uma das cidades com os maiores índices de violência policial dos Estados Unidos, onde Jason Wilson, mestre de artes marciais há 22 anos, é um professor de lutas que incentiva os seus alunos a chorarem sim.

Em um treinamento na sua escola, um menino tenta quebrar uma tábua com golpes, mas não consegue. Ele se machuca e fica frustrado, o que, após muitas tentativas, leva-o a chorar. Jason pergunta ao menino por que ele chora e lhe diz que tudo bem chorar. E que a aula se trata de aprender a chorar como homem.

A escola de Jason não foca apenas os exercícios aprendidos em aula e a participação de seus alunos em competições. O objetivo da escola é “ensinar, treinar e transformar esses meninos antes que o mundo o faça”. Ensinando as modalidades de luta Aikijutsu, Jiujitsu, Kempo e Boxe, os alunos aprendem a lidar com emoções como raiva, tristeza, saudade e inveja.

Os meninos aprendem que é estereotipada a noção de masculinidade veiculada pela mídia em filmes, séries, histórias em quadrinhos, que reforça como másculo um sujeito forte e agressivo desconectado de suas emoções. Jason explica que: “Ninguém permite que homens sejam emocionais. A cultura prega que nós usemos uma roupa de Super homem o tempo todo. Isso acaba machucando os próprios meninos”.

O treinador também convida os pais a participarem dos treinos de seus filhos com exercícios em dupla, a fim de aumentar a confiança e a comunicação das crianças com os pais. Os meninos que têm pais ausentes encontram na escola apoio, pois essa ausência, muitas vezes, é a desencadeadora da agressividade dos alunos. “Estaremos aqui para eles. Queremos que eles saibam que aqui há alguém com quem eles podem contar”, diz Jason.

O treinador dá uma bela lição de vida aos seus alunos: “Minha tese de combate é amar sempre e só lutar se for necessário. É vital que eu ensine os meninos que a violência começa antes que os punhos sejam cerrados, e antes que as balas sejam disparadas. Qualquer um pode quebrar a mandíbula de alguém, mas queremos ensinar que esses meninos não precisam provar que são poderosos”.

Assista a uma aula de Jason, disponibilizada pela SuperInteressante, e emocione-se:

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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