Da era da sinceridade, o “odeio crianças”, também faz parte


Na internet todo mundo tem voz e acha que pode falar tudo o que pensa. “Odeio crianças” é hoje uma opinião não apenas tolerada como bem aceita. Afinal quem é que gosta de crianças, aqueles minisseres barulhentos, enérgicos, que de tanto que se movem nos atordoam as ideias?

Pois é, nesta questão, há quem venha subitamente em defesa dos menores, acusando os adultos de intolerantes e preconceituosos, e há quem venha em defesa da paz universal alegando que quem não tem filho, independentemente dos motivos, não é obrigado a dividir determinados espaços com estes seres pequenos e cheios de vida.

Com quem está a razão?

O maior impacto ecológico que uma pessoa possa causar na vida é fazer um filho.

Existem 1001 razões para não se ter filhos, razões muito sérias (violência, economia precária, mundo superlotado, escassez de recursos pra toda essa gente, etc). É importante falar sobre a legitimidade de não se querer ter filhos pois a sociedade cobra muito da nossa função procriadora.

Por outro lado, procriar significa gerar vida, essa coisa mágica, linda, divina, e que a ciência ainda não desvendou seus mistérios.

Mas é como dizia Vinícius de Moraes no Poema Enjoadinho:

Filhos… Filhos

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?

Criança “mal-educada”…ninguém merece!

Agora vamos esclarecer: “odeio criança” é um julgamento demasiado pesado. Deve ser uma forma exagerada de expressar o sentimento por uma coisa da qual nós não gostamos muito, assim como “amo” pode ser em muitos casos uma forma exagerada de dizer que gostamos muito de uma coisa.

Não gostar de crianças e não querer ter filhos é ok, mas se a questão for mesmo “ódio”, talvez o caso deva ser daqueles resolvíveis somente em um divã.

De qualquer forma, quando alguém diz “odeio criança” aos quatro ventos da internet, ela se refere às crianças “mal-educadas”, barulhentas, arruaceiras e por aí vai. Destas crianças ninguém, acredito, gosta, mas a verdade é que criança é naturalmente enérgica e barulhenta e, o contrário disso na infância, é apatia, doença.

A culpa é dos adultos

Criança não tem que ir à restaurante. Pelo menos não como vão os adultos, que conversam, bebem, que fazem daquele momento um lazer muito além da refeição. Não podemos querer que as crianças fiquem quietas na mesa, portanto é simples: dado que as crianças naturalmente se chateiam em restaurantes por quê levá-las? Para irritar os adultos? (intolerantes, preconceituosos, sem filhos e sem coração?) Não né!

A regra do bom senso funciona sempre

Quem diz “odeio criança” deve rever sua linguagem, deve entender que crianças, de qualquer forma, são seres inocentes, em desenvolvimento, sensíveis e que merecem o melhor de nós – adultos, formados.

Quem diz “odiar quem odeia criança” deve perceber que este círculo vicioso não leva à lugar algum.

Todos têm direitos e deveres iguais na construção de um mundo melhor. Cada um, seguindo suas escolhas, poderia tentar haver um pouco de empatia com relação ao próximo.

Por exemplo

Restaurante com criança, pelo bem da criança, dos pais e dos clientes do restaurante, apenas se este dispuser de um espaço adequado a elas.

Crianças no supermercado e em outros espaços comuns devem ser educadas e aprenderem a se comportar bem. Se causarem prejuízo, quebrarem coisas, devem entender o prejuízo em detrimento de uma coisa que poderia ser benéfica a elas. Devem aprender que barulho no ônibus não se faz porque disturba os passageiros. E por aí vai.

Crianças devem aprender a respeitar os adultos porque, quando adultas, entenderão o respeito ao próximo.

Educar não é fácil e dizer não é muito difícil, mas é absolutamente necessário.

Crianças precisam e gostam de regras. Crianças precisam e gostam de limites porque estes lhes dão segurança. Afinal, todo mundo precisa saber até onde pode ir, inclusive aqueles que dizem que odeiam crianças: há limites para esta afirmação.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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