Na Holanda, sexo se aprende no jardim de infância


No Brasil, o sexo é muitas vezes banalizado e objetificado. “E, aí… comeu?” é até nome de filme nacional. Obras como essa, além dos já conhecidos comerciais de cerveja e certos programas da TV aberta – para limitar a lista – solidificam uma visão restrita e vazia da sexualidade. Uma visão que, como a mídia e as discussões nas redes sociais têm mostrado recentemente, pode levar a certos comportamentos – fatais – de intolerância em relação ao próximo, quando o assunto é, por exemplo, a orientação sexual. Como quebrar esse modo de pensar?

Em primeiro lugar, não deixando que nossas crianças – sim, as crianças – o desenvolvam. Um exemplo bem-sucedido disso vem da Holanda.

A partir de determinação legal, todas as escolas primárias do país passaram a ser obrigadas a incluir na grade curricular uma matéria de “estudo da sexualidade”. É um espaço onde os alunos aprendem que há muito mais na sexualidade além da relação sexual em si. Eles aprendem que ela está relacionada, também, com sua autoimagem, com os papéis que são atribuídos aos gêneros e com a expressão de seus desejos e limites. Forma-se uma visão mais completa e que enxerga a sexualidade além do prazer físico; que amplia o entendimento dos alunos a respeito dos relacionamentos íntimos que venham a ter.

A instituição dessa matéria parte de um princípio básico: o desenvolvimento sexual é um processo natural pelo qual todos os jovens passam – e passarão. Melhor, portanto, que eles sejam acompanhados e tenham acesso ao tipo correto de informação.

As escolas têm flexibilidade para adaptar o currículo – elaborado pelo instituto de pesquisa Rutgers WPF – conforme acharem adequado, porém certos temas básicos são obrigatórios, como a diversidade sexual e os direitos que cada um tem quanto ao seu corpo e sua vida sexual. Esses conteúdos fazem com que as diferentes orientações sexuais sejam melhor aceitas e permite que os alunos estejam preparados para se proteger contra todo tipo de abuso ou coerção sexual.

Os resultados dessa iniciativa falam por si só. Comparados aos jovens de outros países da Europa e dos EUA, os holandeses têm sua primeira relação sexual em uma idade mais avançada. Mais impressionante ainda é constatar que essas primeiras experiências, na Holanda, são vistas como planejadas e divertidas – enquanto, nos EUA, por exemplo, 66% dos jovens sexualmente ativos responderam em pesquisa que desejavam ter esperado mais para ter sua primeira relação. A presença de diferentes formas de proteção durante o sexo também é realidade no sexo dos adolescentes holandeses. A consequência aparece nas estatísticas: a taxa de gravidez na adolescência da Holanda é uma das menores do mundo, assim como a incidência de HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Em resumo, um caso evidente de sucesso que deveria ser estudado e incorporado à nossa realidade. Qual seria o impacto de uma iniciativa como essa na saúde pública do Brasil? Na vida das inúmeras adolescentes que acabam engravidando por falta de instrução? Nas estatísticas de abortos clandestinos? Nos nossos relacionamentos? Na forma como enxergamos as mulheres e o sexo em si? Talvez não seja possível mudar a cabeça dos adultos, já muito acostumada à velha forma de pensar e agir. Então, que mudemos – para melhor – a cabeça de nossas crianças.

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Fonte foto: freeimages.com




Redação greenMe

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