Os desafios de um mundo com cada vez mais idosos


Quais são os impactos gerados pelo envelhecimento da população mundial?

Segundo a ONU, estamos vivendo um fenômeno novo: nunca antes na história da humanidade houve mais idosos do que crianças. Há 705 milhões de idosos acima de 65 anos e 680 milhões de crianças entre zero e quatro anos, informa a BBC News Brasil.

Os demógrafos estão acompanhando esse ciclo já há algumas décadas, o que vem acarretando desafios para muitos países onde as pessoas estão tendo menos filhos – ou nenhum – e vivendo mais. O diretor do Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação da Universidade de Washington (Estados Unidos), Christopher Murray, escreveu um artigo no qual analisa que mais da metade dos países do mundo estão com as taxas de natalidade reduzidas. Para a BBC, ele alerta:

“Pense em todas as profundas consequências sociais e econômicas de uma sociedade com mais avós do que netos”.

Isso atinge várias dimensões da vida social, como a demanda por mais recursos à medida em que envelhecemos, como os sistemas de saúde e previdenciário.

Nos países desenvolvidos é mais notório o crescimento da população idosa. Dentre as causas estão menores taxas de mortalidade infantil, maior controle de natalidade e os custos da educação com os filhos. Mas também os países em desenvolvimento começam a enfrentar o desequilíbrio entre a população infantil e a de idosos.

Já nos países africanos, por exemplo, onde estão as maiores taxas de fecundidade, a equação se “equilibra” com as altas taxas de mortalidade infantil. De acordo com a ONU, 2,1 é o número do chamado “nível de reposição” que garante a substituição das gerações. O Brasil já está abaixo dessa média, com 1,7 filhos por mulher.

Impacto nas forças produtivas

Com o envelhecimento populacional e o declínio da taxa de natalidade, menos pessoas estarão disponíveis para o mercado de trabalho, o que geraria prejuízos para a economia mundial.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê a redução de 25% na economia do Japão para os próximos 40 anos.

“A demografia afeta todos os aspectos de nossas vidas – basta olhar pela janela para as pessoas nas ruas, para as casas, para o trânsito, para o consumo. Tudo isso é impulsionado pela demografia“, disse à BBC Brasil George Leeson, diretor do Instituto de Envelhecimento Populacional da Universidade de Oxford (Reino Unido).

É preciso, portanto, políticas públicas que garantam o bem-estar dos idosos, ao mesmo tempo que proporcione empregos dignos para aqueles que estarão trabalhando. A China, por exemplo, fez uma revisão da sua “política do filho único” em 2015. Uma solução apontada é promover a saúde e o bem-estar dos idosos, a fim de que eles possam trabalhar por mais tempo e, também, reduzir os gastos em saúde.

Entretanto, outro ponto que precisa ser discutido é a participação feminina na força de trabalho. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que a participação das mulheres no mercado de trabalho global era de 48,5%, em 2018 – mais de 25% a menos do que a dos homens. O economista da OIT, Ekkehard Ernst, esclarece que:

“Economias com maiores taxas de participação das mulheres na força de trabalho experimentaram menor desaceleração no crescimento populacional. Mais mulheres trabalhando não só tornam as economias mais resistentes a choques econômicos adversos, mas uma força de trabalho com mais mulheres também representa uma poderosa ferramenta antipobreza“.

De fato, são muitas variáveis a serem analisadas para garantir uma vida digna para os idosos e para a população economicamente produtiva, levando em conta diferentes segmentos, como o feminino. Certamente, não é com uma reforma da previdência que retira direitos dos mais vulneráveis e nem com a fragilidade das relações de trabalho que chegaremos a um ideal de bem-estar social, pelo menos aqui no Brasil.

Mas tem outra coisa a se pensar, e essa é fundamental. Se continuarmos a crescer em número de população para não termos profundas consequências econômicas, como faremos para não exaurir os recursos naturais da Terra? Talvez seja hora de admitir que o modelo capitalista chegou ao máximo da sua funcionalidade. E que de agora em diante é preciso inventar outra fórmula.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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