Verdades sobre a imigração na Europa – e um paralelo com o Brasil


Há certos temas que facilmente despertam discussões acaloradas e intensas entre grupos com opiniões divergentes. No Brasil, alguns exemplos seriam: aborto, legalização das drogas, maioridade penal, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, dentre outros; na Europa, o assunto que tem gerado – já há algum tempo – similar inquietação e mobilização é a relação dos países com seus imigrantes.

É comum, no entanto, ver debates que se propõem a tratar dessas temáticas serem sufocados por opiniões e visões de mundo, mais do que por dados e informações concretas. Em um artigo recente, o britânico The Guardian procurou fazer frente a essa argumentação vazia – evidenciada, segundo o jornal, no posicionamento das autoridades e da imprensa inglesas a respeito da questão da imigração – e listou 10 dados estatísticos que mostram uma realidade um pouco diferente.

O Guardian procurou quebrar certos paradigmas que cercam o tema da imigração na Europa. Abaixo, alguns dos dados estatísticos coletados pelo jornal:

62%

Muito do senso-comum faz parecer que os imigrantes que chegam à Europa provêm de países acometidos pela pobreza em busca de uma situação econômica mais promissora. Contudo, dados mostram que, na verdade, o maior volume de imigrantes é de refugiados. No final de julho, conforme informações compiladas pela ONU, 62% dos imigrantes que chegaram à Europa haviam partido da Síria, Eritreia e Afeganistão, países destruídos por guerras, ditaduras e extremismos religiosos.

0,027%

Algumas opiniões extremistas apontam que a imigração poderia acelerar o colapso da ordem social europeia. O jornal britânico mostra um outro lado: o número total de imigrantes que chegou à Europa em 2015 – aproximadamente 200.000 – é tão ínfimo que representa nada mais que 0,027% da população total europeia, de 740 milhões. O continente mais rico do mundo pode, facilmente, absorver um fluxo tão pequeno, conclui o jornal.

50%

A retórica de algumas autoridades cria a impressão de que a avassaladora maioria de imigrantes na Europa chega da África. Novamente, dados mostram o contrário. Somente este ano, de acordo com dados da ONU, 50% dos imigrantes chegaram de países não-africanos: Síria (38%) e Afeganistão (12%). Adicionando outros países à conta, como Paquistão, Iraque e Irã, fica nítido que menos da metade da migração rumo ao continente europeu sai da África.

€11 bi (R$42 bi)

Uma solução muitas vezes levantada para lidar com a imigração é a deportação, cuja premissa parte das grandes economias que os países de destino teriam sem os gastos com o auxílio aos imigrantes. Entretanto, cálculos mostram que os custos de deportação são bastante equivalentes àqueles da ajuda semanal aos imigrantes. Segundo investigações do site The Migrant Files, €11 bi (ou R$42 bi, aproximadamente) já foram gastos para repatriar imigrantes em seus países de origem – e mais €1 bilhão, em toda a Europa, para custear esforços de proteção de fronteiras. Dinheiro que, como coloca o Guardian, podia muito bem ser utilizado para integrar os imigrantes à sociedade Europeia.

Os outros dados podem ser acessados na página do artigo, neste link. É interessante perceber como, até nós, temos alguns pressupostos pouco embasados quanto à imigração na Europa que podem facilmente ser quebrados com as informações trazidas pelo referido jornal.

E, mais do que ensinar um pouco mais sobre a realidade imigrante no continente europeu, o artigo nos mostra, perfeitamente, a necessidade de se buscar informações e argumentos sólidos ao travar discussões sobre temas tão complexos e delicados. Posicionamentos ideológicos não são suficientes, e afirmações vazias e carregadas pelo senso-comum, também não.

No contexto brasileiro, há inúmeros temas, como citado no início deste texto, cujos debates são prejudicados, justamente, pela ausência de falas concretas e lógicas, e pela predominância de grupos lutando para levar seus interesses para a linha de frente. O paralelo com a realidade europeia é inevitável. O que não podemos é permitir que esses grupos consigam fazer isso sem nos apresentar informações e dados que comprovem suas opiniões. Porque, convenhamos, de opiniões, o mundo já está mais do que cheio!

Leia também: REFUGIADOS E TRÁFICO DE PESSOAS: TRAGÉDIA E AJUDA HUMANITÁRIA

Fonte foto: nation.com.pk




Redação greenMe

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