Escadaria do Selarón: obra de arte que liga Santa Terezinha à Lapa, Rio de Janeiro


Jorge Selarón nasceu no Chile, em 1947, na pequena cidade de Limache, e morreu no Rio de Janeiro, em 10 de janeiro de 2013. Pintor e ceramista autodidata, o chileno realizou em Santa Teresa a sua maior e mais conhecida obra, hoje conhecida como “Escadaria do Selarón”, tombada pela prefeitura desta cidade em 2005 e que fica na Rua Manoel Carneiro.

A “Escadaria do Selarón“, local antes conhecido como Escadaria do Convento de Santa Teresa, tem 215 degraus e 125 metros de comprimento e liga a Rua Joaquim Silva, no bairro da Lapa, com a Ladeira de Santa Teresa, no bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio.

A obra começou em 1994, quando Selarón resolveu azulejar os degraus da escadaria, sobre a pintura verde-amarela que os moradores locais usaram na decoração alusiva à copa do mundo de futebol deste ano.

O artista usou, durante os primeiros anos, apenas azulejos das cores existentes na bandeira nacional – verde, amarela, azul e branca – e, posteriormente, introduziu o vermelho, para ele, Jorge Selarón, a cor mais bonita de todas. Sua proposta era concluir o trabalho antes do ano 2000 mas este prolongou-se. Só terminou com a sua morte, nos degraus da mesma escadaria.

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A “Escadaria do Selarón” é considerada a maior escultura do mundo realizada por um único artista já que Jorge Selarón sempre trabalhou sozinho, contando unicamente com os rendimentos das vendas de seus quadros (todos representando o tema da mulher negra grávida, um motivo emocional de sua própria vida, como ele declara) e com eventuais doações de moradores. A obra não para, os azulejos são colocados, novos azulejos chegam, outros são tirados de lá, mudam de lugar. Nessa escada tem azulejos de muitos países do mundo (130, diz o autor), alguns adquiridos pelo artista na cidade do Rio, outros, trazidos do exterior por amigos e colaboradores.

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Na parte de baixo, o jardim de banheiras

Sobre a vida de Jorge Selarón foi feito um média-metragem, dirigido por José Roberto Mesquita e Renata Brito, intitulado “Selarón – A Grande Loucura“, em 2003, filme que teve grande repercussão (veja no vídeo abaixo) e resultou na apresentação midiática de Selarón no “Programa do Jô“, da TV Globo. Em 2010, Selarón concluiu, no alto da escadaria, a imponente bandeira, na esquina da Rua Pinto Martins. Todas as muretas frontais das residências da escadaria foram executadas em épocas diferentes, de acordo com a solicitação ou permissão de seus proprietários.

Em 2010 outro filme, o curta-metragem de Rafael Bacelar Nogueira,”O Vermelho de Selarón”, documentário bastante interessante, conquistou o 2º prêmio do Curta Criativo, concurso de curtas-metragens do Sistema FIRJAN que tem por objetivo incentivar os novos talentos criativos da indústria do cinema. A sinopse deste documentário explica que este filme é “um retrato do artista chileno Jorge Selarón, que desde 1990 realiza trabalhos de azulejaria e pintura nas escadas da Rua Manoel Carneiro, entre os bairros da Lapa e de Santa Teresa, no centro histórico do Rio de Janeiro”. Veja a seguir:

O pintor foi encontrado morto na Escadaria do Convento de Santa Teresa na manhã do dia 10 de janeiro de 2013. O corpo queimado do artista, a uma lata de thinner, a suspeita de assassinato.

O documentárioAdeus Selarón” de Stephano Loyo e Gemerson Dias, vale a pena de se ver, pela sensibilidade e beleza. Neste diz Selarón: “A Escada e algo que nunca vai ficar pronta, ela vai ficar pronta no dia da minha morte, quando eu mesmo me transforme na propria Escada e fique eterno para sempre, … eu soy Selarón, a Escadaria é Mnha Vida”,

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Estudando sobre este artista, ouvindo o que ele fala nos filmes, me dá a impressão de que este é um homem ingênuo, um tanto megalômano, profundamente sensível e, solitário. Sua obra, a escada colorida, permanecerá, com certeza. Já é conhecida pelo mundo à fora e consta de catálogos de turismo para a cidade do Rio de Janeiro. E ele, seu autor, permanece, como ele mesmo disse, “eterno para sempre” já que seu corpo, carbonizado, foi morto nos degraus que ele coloriu. Sua alma não morreu, essa é eterna, mesmo. Adeus, Jorge Selarón, e obrigada por ter construído mais esse cartão postal do nosso país que te deu guarida e aconchego.

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Redação greenMe

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