O sol pode revolucionar: energia solar em comunidade carioca


No Morro da Babilônia, lá no Leme, Rio de Janeiro, a comunidade se organiza para trocar a energia cara da Light pela energia solar. Duas instalações fotovoltaicas foram já instaladas pela RevoluSolar, e outras cinco estão previstas. Quanto mais energia solar, menos contas de luz a pagar ao fim dos 6 anos de pagamento das instalações.

A RevoluSolar é uma associação sem fins lucrativos, criada em outubro passado para promover a transição de energia renovável no Morro da Babilônia. Seu presidente é belga, Pol Dhuyvetter, e há 20 anos pertence à cooperativa europeia Ecopower, uma organização cidadã em busca de implantar, para seus associados, projetos viáveis de energia renovável e redução da pegada ecológica que segue os princípios da ICA – International Co-operative Alliance: autoajuda, auto-responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade.

Pol, que é dono de uma pousada e um restaurante no morro diz: “Quando vim para o Brasil, vi tanto sol e tantos recursos naturais e procurei cooperativas de produção de energia renovável e não achei. Na Bélgica, somos mais de 50 mil famílias e [o sistema de cooperativas] funciona. Agora, começamos aqui no Brasil a primeira cooperativa de energia renovável. Na Europa, há uma federação, estou em contato com o presidente e ele está dando conselhos para nós. Um país como o Brasil, como o Rio, com uma taxa de sol das mais altas do mundo, porque tem tão pouco painel solar? Na Bélgica, onde tem tão pouco sol, tem tanto painel solar. Aqui, é bem interessante a economia do painel solar”.

E a economia, qual é?

Não falando a economia ambiental pois, também a produção de células fotovoltaicas tem seus impactos, e não são poucos, é preciso ressaltar que o uso da energia solar, em um horizonte de 25 anos (tempo médio de duração das placas) significa uma economia significativa de contas de luz. A instalação é cara mas, em 6 anos, se paga e hoje, essa prática goza de créditos próprios no Rio de Janeiro pela AgeRio (Agência Estadual de Fomento) que financia até 15 mil reais a juros baixos (sempre juros, claro, mas a 0,25% ao mês).

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Como explica Pol: “A primeira coisa que fazemos é ver a conta de luz para dimensionar a instalação. Na nossa moradia que tem um bar, um restaurante e uma pousada, precisamos de 24 painéis. Nosso consumo no último mês foi quase R$ 1 mil. Nós colocamos 12 painéis, que custaram R$ 21 mil, e vão suprir a metade do consumo, mais ou menos 150 kW por mês. A estimativa é que, no máximo em seis anos, temos o retorno do investimento, talvez antes. E depois temos luz de graça por 19 anos, dentro da estimativa de duração de 25 anos de uma instalação solar. Então, a estimativa de lucro é de R$ 129 mil em 25 anos. Pode ser mais se o preço da luz subir”.

Energia solar em operação

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), “o Brasil possui 33 empreendimentos de geração de energia solar em operação, responsáveis por 21.336 kW, o que corresponde a 0,02% do total do país”. Está bem longe de ser um número ideal para um país tão ensolarado como o nosso.

No Morro da Babilônia, “o objetivo para 2016 é instalar painéis em 1% das residências da Babilônia, que tem pouco mais de mil casas”, diz Pol na entrevista à Agência Brasil.

Mas, existe problema mesmo com esse crédito da AgeRio pois, como avisa o presidente da Associação de Moradores do Morro da Babilônia, André Luiz Abreu de Souza, “o problema é que o prazo para quitar o empréstimo é de dois anos, muito curto para as condições do morador da favela”. Então, é preciso política pública que vise facilitar, realmente, a implantação dessas placas solares. Vamos a isso, pessoal, a mobilizar, pressionar, correr atrás para que os legisladores legislem bem, e as administrações públicas façam políticas adequadas ao real poder aquisitivo da nossa população.

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Fontes: EBC e thecityfixbrasil




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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