Unesco declara o Rio de Janeiro como Capital Mundial da Arquitetura


O Rio de Janeiro acaba de tornar-se, oficialmente, a Capital Mundial da Arquitetura pela Organização pelas Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

A candidatura do Rio de Janeiro como capital da arquitetura ocorreu em 2014, em uma disputa com as cidades de Paris (França) e Melbourne (Austrália).

O título simboliza um reconhecimento, mas, também, um desafio que a cidade precisa mostrar-se disposta a cumprir. Essa agenda de compromissos deve ocorrer com a promoção de uma série de eventos, sendo o principal deles o Congresso Mundial de Arquitetos, a ser realizado na cidade em 2020.

O congresso, que é promovido pela União Internacional dos Arquitetos, ocorre a cada três ano. A partir desta edição a novidade é que a cidade-sede passou a ser, também, declarada capital mundial da arquitetura.

Espera-se que, em 2020, o Rio receba cerca de 25 mil arquitetos, urbanistas e gestores públicos, artistas, escritores interessados em discutir sobre planejamento urbano, cultura, mobilidade, acessibilidade, obras públicas, entre outros temas afins.

Durante todo o ano de 2020, a cidade receberá esse contingente interessado em refletir sobre os desafios globais pela perspectiva da inovação, da criatividade, da cultura, do patrimônio, do urbanismo e da arquitetura.

Além do congresso, o Rio sediará o evento “Todos os mundos. Um só mundo”, ligado à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, que postula em seu 11º objetivo: “Fazer com que as cidades e os assentamentos humanos sejam inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”.

Por que o Rio?

O Rio de Janeiro é uma cidade que abriga diferentes estilos arquitetônicos em edifícios, parques, jardins e monumentos assinados por alguns eminentes arquitetos como Oscar Niemeyer, Burle Marx e Lúcio Costa. Para Nivaldo Andrade, presidente do Instituto de Arquitetos Brasileiros, a justificativa para a seleção da cidade se deve ao fato de o espaço urbano da capital carioca sintetizar características encontradas não apenas no Brasil, como em vários lugares do mundo, como informou à EBC.

Os destaques arquitetônicos do Rio

Alguns lugares que merecem destaque e justificam a escolha são:

1. Palácio Capanema – prédio do antigo MEC projetado por Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso Eduardo Reydi, Carlos Leão e Ernani Vasconcelos;

2. ABI (Associação Brasileira de Imprensa) – projetada pelos irmãos Marcelo e Milton Roberto;

3. Pedregulho (Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes) – projetado por Afonso Eduardo Reydi;

4. MAM (Museu de Arte Moderna) – também projetado por Reydi;

5. Edifício-sede da Petrobras – projetado por Roberto Luís Gandolfi, José H. Sanchotene, Abraão Assad e Luís Fortes Netto;

6. MAR (Museu de Arte do Rio) – projetado pelo escritório Bernardes + Jacobsen;

7. Museu do Amanhã, projetado por Santiago Calatrava;

8. Cidades das Artes, projetado por Christian de Portzamparc.

9. Aqwa Corporate, duas torres de um megaempreendimento comercial projetado pelo escritório Foster+Partners, de Norman Foster.

Se você quiser conhecer e visitar esses e mais lugares, acesse aqui a lista de sugestões do site Como Projetar. Afinal, o Rio de Janeiro é berço de uma geração de grandes arquitetos modernistas, como Niemeyer, Lúcio Costa, Sérgio Bernardes, e, mais recentemente, com as obras pelas quais o Rio passou, atraiu a criatividade de vários arquitetos internacionais.

Desafios

A União Internacional de Arquitetos (UIA) organiza o congresso internacional visando a promover o diálogo entre sobre sustentabilidade e urbanismo, segundo El Pais. De acordo com Ernesto Ottone, subdiretor-geral para a Cultura da UNESCO:

“O Rio é uma fusão admirável entre natureza e cultura, sua arquitetura antiga e moderna, o resultado de uma criação inovadora desde meados do século XIX, o que a torna um lugar de beleza excepcional que conquistou a admiração de muitos autores, intelectuais e viajantes de todo o mundo. É um exemplo bem-sucedido de revitalização do centro histórico urbano, de um espaço público aberto a todos”.

Já o presidente do UIA, Thomas Vonier, explica que o Rio foi escolhido para a próxima edição porque

“tem todos os atributos para ser uma maravilhosa primeira capital mundial da arquitetura. Que melhor cidade do que o Rio para destacar os desafios que enfrentamos em nossa sociedade e em nossas cidades com uma população crescente, jovem, que tem muitas necessidades, e com muita gente vivendo em condições difíceis? A arquitetura e o design urbano podem atender a esses desafios ao mesmo tempo em que protege o maravilhoso legado e o meio ambiente?”.

As atuais gestões municipal e estadual não poderão medir esforços para atender à expectativa da UIA e aos olhares do mundo a partir da oficialização do seu novo título. Congregar alianças entre cultura, arquitetura, urbanismo, interesse público e obras públicas, acessibilidade, meio ambiente, tecnologia, desenvolvimento social parece um sonho difícil de tornar-se realidade nos próximos anos, haja vista a dificuldade orçamentária pela qual o estado vem passando e o conservadorismo encampado pelo atual prefeito, Marcelo Crivella, que, entretanto, confirmou o compromisso de “transformar o ano de 2020 em um marco na história cultural da cidade”.

Apesar dos possíveis entraves, Ottone é otimista sobre a possibilidade de o Rio de Janeiro ser exitoso ante esse desafio:

“A ambição desta iniciativa é favorecer novas sinergias entre cultura e arquitetura para que se convertam em um polo de ideias sobre cultura, ciência, meio ambiente e desenvolvimento em geral. É uma oportunidade para unir nossos esforços e deixar, especialmente para as gerações futuras, cidades que sejam uma realização humana e cultural capazes de construir um futuro”.

Nós estamos aqui torcendo para que essas ações sejam todas maravilhosas, assim como os seus desdobramentos para uma cidade que já tem, ao menos, esse título garantido.

Talvez te interesse ler também:

JARDIM BOTÂNICO: LUGAR ESPECIAL NO RIO DE JANEIRO. TODAS AS INFOS

A BELEZA DO REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA! HORÁRIOS E FOTOS

ESCADARIA DO SELARÓN: OBRA DE ARTE QUE LIGA SANTA TEREZINHA À LAPA, RIO DE JANEIRO




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...