Há 120 anos, golfinhos ajudam os pescadores de Laguna a pescarem


Um estudo publicado na revista LiveScience descobriu que existe um grupo de aproximadamente 20 golfinhos que trabalha lado a lado aos pescadores de Laguna, cidade catarinense, desenvolvendo uma relação simbiótica única com estes animais.

Os pescadores contam com as criaturas inteligentes para ajudá-los a pegar peixes! Os estudos revelaram que o grupo especial de cerca de 20 golfinhos, ajuda a agrupar os peixes da espécie tainha para os pescadores. E se comunicam com estes, usando a cabeça ou com movimentos das nadadeiras para avisar aos pescadores quando e onde as redes devem ser lançadas.

O sistema é simbiótico porque funciona bem para ambas as partes: os pescadores pescam aquilo que necessitam, enquanto os excedentes ou os peixes que conseguem escapar das redes, vão nadar e cair diretamente nas bocas dos golfinhos.

A água é tão escura perto de Laguna, que os pescadores nunca pescariam de uma forma tão eficiente, sem a ajuda dos golfinhos. E esta é razão pela qual os pescadores apenas pescam quando os mamíferos marinhos estão por perto.

“Cerca de 200 pescadores artesanais locais são quase inteiramente dependentes dos golfinhos para a captura de peixe“, diz o pesquisador Fábio Daura-Jorge na LiveScience. “Os pescadores não pescam sem a assistência dos golfinhos e conhecem cada animal individualmente por suas marcas naturais, a olho nu.”

Curiosamente, os pesquisadores descobriram existir três redes sociais de golfinhos diferentes em Laguna, apenas uma delas coopera com os pescadores. A cooperação pode ser um traço de comportamento aprendido ou herdado. Acredita-se que o comportamento tenha sido transmitido de mãe para filhotes, através da aprendizagem social dos golfinhos, da mesma forma que os pescadores mais velhos ensinam seus filhos a trabalharem com os golfinhos.

Tal comportamento poderia ter evoluído desde os anos 70, onde a demanda por interações sociais complexas teriam levado a tal evolução cognitiva, disse Luke McNally do Theoretical Ecology Research Group no Trinity College Dublin.

Embora ambas as partes obtenham a sua quota de peixe, é interessante notar que nunca há uma troca direta de peixe entre os golfinhos e os pescadores, nem se segue um horário fixo. “Os golfinhos trabalham em seu próprio tempo: os pescadores, muitas vezes ficam de braços cruzados em terra, enquanto os cetáceos não estão por perto”, escreve o biólogo Joe Roman, em Slate.com.

“À parte o Brasil, tais interações simbióticas, onde espécies selvagens e seres humanos são beneficiados, são raras”, acrescenta. “A maioria parecem ser o que os biólogos chamam de relacionamentos comensais: onde um lado se beneficia e o outro nem ganha nem perde.”

Esta forma única de pesca cooperativa vem acontecendo há pelo menos 120 anos, conforme comprovado por uma carta do século 19 que mencionava os golfinhos especiais de Laguna.

Mas ninguém sabe exatamente como tudo começou.

Fonte foto: livescience.com




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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