Um quadro apocalíptico: países submersos e ciclones tropicais frequentes. O aumento do nível do mar


Não é por falta de comprovação científica que alguém diz não acreditar em mudanças climáticas. Elas estão mais abundantes e cada vez mais sofisticadas.

Um novo estudo, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), afirma que as mudanças climáticas estão devastando os mares e as regiões congeladas do planeta como nunca ocorrera antes.

Os cientistas que trabalharam na pesquisa feita pela ONU identificaram que as águas oceânicas vêm subindo, ao mesmo tempo em que o gelo está derretendo e as espécies de animais marinhos estão buscando outros habitats.

A consequência da perda de terras congeladas é a liberação, ainda maior, de carbono. Para evitar os impactos desse processo, seria preciso investir em cortes radicais nas emissões de carbono.

Esse estudo integra uma série de relatórios produzidos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), no período de doze meses. Os pesquisadores envolvidos simularam como seria o mundo caso as temperaturas subissem 1,5° C até o final deste século.

Por que devemos nos preocupar?

Se as águas estão mais quentes e, logo, o gelo do mundo está derretendo mais rapidamente, todas as formas de vida do planeta sofrerão algum impacto. O coordenador da pesquisa, Jean-Pierre Gattuso, explica à BBC News Brasil que: “O planeta está em sério perigo, sofrendo muitos impactos de várias direções, e a culpa é nossa”.

Desde a década de 1970, o aquecimento dos oceanos vem sendo uma crescente. Acontece que esse fenômeno faz com que o nível dos mares suba devido à expansão térmica, isto é, o volume de água se expande com o aquecimento. O excesso de energia faz as moléculas de água se movimentarem mais e, consequentemente, ocuparem mais espaço. É, sobretudo, o derretimento de gelo na Groenlândia e na Antártida que está fomentando o aumento dos níveis dos oceanos, segundo o IPCC.

Os lugares mais baixos do mundo seriam os primeiros a sofrerem o impacto da expansão dos oceanos. O relatório constata que algumas regiões insulares já se tornariam inóspitas a partir de 2100.

Entretanto, não apenas regiões costeiras seriam impactadas pela elevação do nível do mar. A incidência de eventos climáticos, como ondas de ciclones tropicais, tende, também, a aumentar. O relatório afirma que:

“A previsão é que eventos extremos do nível do mar historicamente raros (que ocorreram uma vez a cada século num passado recente) ocorram com frequência (pelo menos uma vez por ano) em muitos locais até 2050”.

Mesmo que ocorra a diminuição das emissões de carbono, os resultados não são muito animadores, segundo Debra Roberts, investigadora do IPCC:

“O que estamos vendo agora é uma mudança duradoura e sem precedentes. Mesmo que você more em uma região de interior no mundo, as mudanças no sistema climático, atraídas pelas mudanças muito grandes no oceano e na criosfera, afetarão a maneira como você vive sua vida e as oportunidades para o desenvolvimento sustentável”.

Como evitar?

Embora algumas mudanças não possam mais retroagir, ações de curto prazo podem limitar as emissões de carbono. Outra pesquisadora envolvida no estudo, Nerilie Abram, da Universidade Nacional da Austrália, advertiu que:

“Mesmo em um cenário em que consigamos reduzir os gases do efeito estufa, já há um futuro aumento do nível do mar para o qual as pessoas terão de se planejar“.

Para mudarmos esse quadro apocalíptico que se desenha no futuro, seria preciso reduzir, desde já, as emissões de carbono em 45% até 2030, de acordo com o relatório do IPCC de 2018.

Gattuso acredita que a pressão pública sobre os políticos é fundamental a partir de agora.

“Depois das manifestações dos jovens na semana passada, acho que eles são a nossa melhor chance. Eles são dinâmicos, ativos. Espero que continuem suas ações e possam fazer a sociedade mudar”, disse o pesquisador.

Só mesmo com uma nova mentalidade será possível interromper um processo que, em alguns aspectos, já se mostra irrecuperável, de acordo com vários estudos.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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