Aquecimento global e incêndios na Austrália: um debate caloroso pois há quem negue o link


A Austrália tem passado por um dos piores incêndios florestais de causa natural de sua história.

O país vem enfrentando altas temperaturas, de cerca de 40º C, uma seca extrema e ventos fortes – um combo que agrava a situação ao espalhar mais facilmente as chamas.

O fenômeno, de origem natural, é comum nesta época do ano na Austrália. Entretanto, os incêndios começaram antes do esperado e com uma intensidade muito mais alarmante, como informou o G1. Em geral, os incêndios começam em outubro, durante a primavera australiana, mas, em 2019, eles vieram em julho. No final do ano passado, a primeira-ministra do estado de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, declarou que, se as chuvas não viessem logo, seria impossível conter os incêndios.

Dada essa antecipação dos tempos, muitos questionam se a mudança climática não teria um papel importante nessa tragédia que se alastra de maneira desconcertante.

Uma matéria publicada no jornal inglês The Economist levantou um debate sobre a mudança climática a partir dos incêndios florestais da Austrália. É preciso considerar essa hipótese com seriedade, porque há quem ainda duvide que o aquecimento global existe.

Debate caloroso

Em dezembro, um grupo de ex-bombeiros se reuniu com o governo pedindo para que o aquecimento global fosse considerado nos planos de ação de combate aos incêndios.

Entretanto, o vice-primeiro-ministro, Michael McCormack, em novembro, criticou a vinculação dos incêndios à política climática e à indústria do carvão da Austrália – uma das principais fontes de emissão de CO2. O governo federal aboliu o imposto sobre o carvão e, em substituição à medida, em Canberra, foi estabelecido um fundo público de 3,5 bilhões de dólares australianos (cerca de 2,2 bilhões de euros) para “recompensar” aqueles que concordam em reduzir as emissões.

O ministro da Energia, Angus Taylor, em consonância com a política do governo liberal do país, disse que a participação de apenas 1,3% da Austrália nas emissões globais “não pode ter um impacto significativo por si só”.

A questão é que a onda de incêndios tem provocado um debate caloroso no país sobre a crise climática. O ex-chefe dos bombeiros, Greg Mullins, junto com outros colegas estão organizando uma frente ampla para discutir o problema, ainda que à revelia do governo.

A população e alguns empresários parecem apoiar a ideia, como o chefe da companhia de seguros IAG, Peter Harmer, que está preocupado com o aumento do pedido de ações. Ele avalia que a Austrália precisa se adaptar urgentemente às mudanças climáticas.

https://www.instagram.com/p/B7BaGOcALa_/

O rastro da destruição

O governo federal enviou aviões e navios militares para retirar as pessoas das áreas mais perigosas. São milhares de vítimas e um rastro de destruição que os incêndios estão deixando pelo país. No estado de New South Wales Samuel, o mais populoso da Austrália, as chamas tomaram uma área de cerca de 40 mil quilômetros quadrados, o equivalente ao território da Dinamarca.

Animais inocentes, vidas em chamas, todo um ecossistema em risco…

Não somente a Austrália como o mundo todo precisa enfrentar esse desafio que se coloca para todos nós. Os cientistas já alertaram:

Talvez te interesse ler também:

O coala está funcionalmente extinto: os incêndios na Austrália destruíram 80% de seu habitat

Desmatamento e incêndios na Amazônia: da Nestlè ao Carrefour, aqui estão as multinacionais com a consciência suja

As Abelhas que Recuperam a Vegetação após Incêndios

Fonte foto: Instagram




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...