Mais agrotóxicos são liberados pelo Ministério da Agricultura


Enquanto na Europa cada vez mais fazendeiros têm se rendido ao cultivo orgânico, aqui no Brasil o governo federal parece estar disposto a entrar para a História como aquele que mais liberou o uso de agrotóxicos no país.

Nessa segunda-feira (24), foi publicada, no Diário Oficial da União, a aprovação do registro de mais 42 agrotóxicos, totalizando 211 em 2019, informa o G1. A última aprovação concedida pela pasta ocorreu em maio, quando 31 pesticidas foram liberados.

De acordo com o Ministério do Agricultura, a liberação inclui apenas um ativo novo, sendo que os demais, conhecidos como “genéricos”, já estão disponíveis no mercado brasileiro. Os produtos químicos das empresas Dow Agrosciences, Bayer e Syngenta aguardavam liberação há quatro anos.

O novo produto a entrar no mercado brasileiro se chama Rinksor, da Dow Agrosciences, feito à base de Florpirauxifen-benzil. O Ministério da Agricultura defende que o ingrediente ativo “apresenta alta eficiência contra a infestação de diversas plantas daninhas”.

O ministério ainda explica que os demais genéricos foram aprovados com o objetivo de tornar os defensivos agrícolas mais baratos no país.

“As aprovações de novos produtos técnicos equivalentes significam que novas fábricas estão autorizadas a fornecer ingredientes ativos para fabricação dos produtos formulados que já estão registrados, possibilitando um aumento na concorrência no fornecimento industrial destas substâncias”, disse em nota o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Venâncio.

Críticas

Novamente, os ambientalistas e os profissionais da saúde mostraram-se contrários a mais essa onda de liberação de agrotóxicos, devido aos riscos a que a população e o meio ambiente ficam expostos.

Para alarmar ainda mais quem está ciente de tais riscos, o ministério acrescentou que:

“Nos próximos meses, mais seis ingredientes ativos hoje comercializados por apenas uma empresa também devem ter genéricos registrados”.

Essa agenda faz parte do plano de desburocratização de registros defendida pelo governo de Jair Bolsonaro, que torna mais célere aprovação de agrotóxicos no país, cedendo à pressão da bancada ruralista, que o apoiou durante a sua campanha eleitoral, e pondo em perigo a saúde de toda a população brasileira e dos ecossistemas do país.

É verdade que há, ainda, pouca conscientização sobre os riscos a que todos nós estamos expostos com a liberação de tantos agrotóxicos no Brasil. Um dos produtos que está sendo vetado em todo o mundo é o composto industrial tóxico PFOS, mas aqui no Brasil está sendo livremente utilizado. De acordo com Joe DiGangi, conselheiro sênior do grupo ambientalista internacional IPEN, muitos consumidores estão usando o produto químico sem saberem dos seus reais perigos, já que o produto pode ser absorvido pelos vegetais via solo, segundo uma reportagem do The Intercept.

O uso da sulfluramida – um pesticida que, ao se degradar, forma o PFOS – cresceu na mesma medida da contaminação no país. Entre 2004 e 2015, foram 487 toneladas de PFOS liberadas no meio ambiente, permanecendo indefinidamente no meio ambiente no solo, plantas, águas costeiras e rios no Brasil.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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