Precisamos nos orgulhar de sermos, todos, um pouco índio


O Brasil é indígena, de nascença. “Todo mundo tem um pouco de índio, dentro de si” e nós, brasileiros, não há como negar, somos feitos de mistura, uma mistura bem calibrada de indígenas de diversas etnias, negros de diversas origens africanas e brancos europeus de vários países. Então, porque a maioria de nós só privilegia a cultura de origem europeia? Diria eu que por pura burrice, pois desconsiderando nossas origens verdadeiras, perdemos muito. Perdemos em conhecimento sobre as nossas riquezas naturais, nossa biodiversidade, sobre a medicina dos pajés e sobre a forma harmoniosa que o indígena tem de se relacionar com a natureza, perdemos também de não aprender, com eles, como se educam filhos saudáveis, e como se contam estrelas à noite, não aprendemos a pescar peixe com arpão nem a amar em rede entre as árvores, mas principalmente, perdemos a possibilidade de aprender a sermos mais humanos.

De uma reportagem publicada pela Agência Brasil, em ocasião do Dia do Índio, extraímos algumas frases proferidas por indígenas, representantes de muitos povos das nossas florestas, que estiveram em Brasília na última semana para comemoração do seu Dia (19 de abril). O importante é refletir sobre o que eles dizem, pois indicam a necessidade de o Brasil se orgulhar de sua origem indígena.

“Embora o branco comemore a data no dia 19 de abril, para o índio as comemorações ocorrem diariamente, a cada trabalho de plantio, pescaria ou outra atividade, como construção de uma oca”, disse o cacique Piracuman, da etnia Yawalapiti.

A demarcação é importante não só para nós, é para todos. Nós conhecemos a floresta muito bem. Ela é para nós um filtro, tem oxigênio, muitas ervas medicinais. Hoje, os produtores não estão mais respeitando a nascente. O desmatamento chega até lá. Não deixa nem um pezinho de árvore ali. Quando seca, começa a faltar água. Gostaria de pedir para os produtores fazerem reflorestamento no lugar que eles estragaram”, disse o cacique Piracuman sobre como as mudanças climáticas afetam as terras indígenas.

“Aquele pessoal que estava apontando flechas para a Casa [Palácio do Planalto] lá era para [todo mundo] entender que o índio está preocupado, que o Congresso não está olhando para índio. Aquela Casa só está olhando para o progresso, só para o desmatamento, plantação, construção de hidrelétrica nos rios. E os índios, que estão há muito tempo aqui, estão sendo ameaçados”, disse o irmão do cacique Aritana explicando os motivos que levaram mais de 1.000 pessoas, representando 200 etnias, a se manifestarem em frente ao Palácio do Planalto.

“As terras indígenas, ou de toda a Amazônia, é que produzem evaporação, que distribuem água por todo Brasil e a América do Sul. Por isso que o papel da [presidente] Dilma [Rousseff] é demarcar, homologar, combater a violência. É cumprir as leis internacionais, não construir as hidrelétricas. É essa a sabedoria que ela tem que preservar”, defendeu Álvaro Tucano, representante do Memorial dos Povos Indígenas.

“O indígena é reconhecido apenas quando mora na aldeia. [Só que] estamos em todos os espaços, nas universidades, trabalhando nas cidades e também no campo. É importante que o Brasil recupere o respeito e o orgulho [pelo índio]“, disse Daiara Tukano, professora da rede pública do DF explicando a importância, para todos os brasileiros, de se orgulharem de sua origem indígena para garantir a legitimidade histórica da formação do nosso povo.

Podemos refletir sobre essas palavras ditas por representantes indígenas do nosso país. Podemos refletir sobre as verdades, reais, palpáveis que nos mostram com coragem.

Reflitamos, então. É um convite que eu vos faço.

Leia também: O drama da demarcação das Terras Indígenas

Fonte foto: fotospublicas.com




Redação greenMe

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