Comer ou não comer: eis a questão. A culpa e as leis da alimentação


Será que comer ou não comer deveria mesmo ser uma questão?

Afinal, comer nos mantém vivos e é tão natural quanto respirar. Mas parece que houve um ponto de inflexão que desnaturalizou o processo de alimentação.

Os nutricionistas seguem repetindo o mantra que podemos comer absolutamente tudo, mas com equilíbrio.

Mas por que, então, as pessoas desenvolveram tanta ansiedade em sua relação com a comida?

Os fatores são múltiplos e vão desde o nascimento de uma indústria alimentar, que passou a oferecer produtos com baixo valor nutricional e muita gordura, carboidratos ruins e açúcares, ao da indústria da beleza, que elegeu um padrão ideal que exclui todos os seres humanos.

Diferentes discursos, como o científico, o médico, o nutricional, o midiático, construíram uma narrativa de demonização de alimentos bons e prazerosos, gerando em quem os come uma grande sensação de culpa e frustração por não ter conseguido resistir a eles.

A nutricionista Carol Dias fez um post que mostra exatamente como virar a chavinha pode ser um dispositivo para começarmos a fazer as pazes com esses alimentos gostosos que viraram vilões e, por tabela, conosco.

Nem toda comida é alimento

É claro que existem produtos que não podem ser denominados de alimentos, como os ultraprocessados, por exemplo.

Uma boa comida é aquela que nos nutre, nos dá prazer em degustá-la e nos conecta com as pessoas.

A nutricionista Sophie Deram defende que não existe a melhor dieta para emagrecer, ou melhor, a melhor dieta para emagrecer é a sua, já que por dieta entende-se os hábitos alimentares e o comportamento alimentar dos indivíduos.

Sendo assim, dietas restritivas, radicais e da moda, que não levam em consideração os hábitos de vida da pessoa, sua situação financeira, seus gostos e preferências, não podem ser por muito tempo exitosas.

As 4 Leis da Alimentação

Deram lista que uma dieta que funciona é aquela que respeita as quatro leis da alimentação.

São elas:

  1. Lei da quantidade: a quantidade de alimento consumido deve ser suficiente para suprir as exigências energéticas do organismo, mantendo-o equilibrado. corpo em equilíbrio. Precisamos comer, então, apenas o necessário.
  2. Lei da qualidade: nosso corpo precisa de nutrientes, que estão presentes numa variada gama de alimentos. Logo, devemos consumir todos os grupos alimentares, exceto em casos de necessidades patológicas.
  3. Lei da harmonia: a alimentação deve ser balanceada entre os nutrientes.
  4. Lei da adequação: a alimentação deve ser adequada aos vários fatores que influenciam o indivíduo: condições fisiológicas, idade, histórico de doenças, condição financeira, gênero, religião, região onde mora, etc.

É claro que existem variáveis a serem analisadas em um processo de emagrecimento. O importante a se destacar é que a questão “comer ou não comer” não precisaria ser uma questão, talvez, na maioria dos casos.

Comer deveria ser um gesto de cuidado consigo e com os outros, uma forma de nos conectar com a vida nas formas em que se manifesta, como, por exemplo, nos alimentos.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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